quarta-feira, 18 de maio de 2011

Dead Souls - 31 anos sem Curtis

Apesar do sono que me consome, não poderia deixar a data de hoje passar em branco. Hoje "comemoramos" - na verdade, lamentamos, 31 anos da morte de Ian Curtis. Quem não gosta de Joy Division isso não faz a mínima diferença, mas para todos os fãs, assim como quem conhece (e reconhece) a influência de Curtis na música com certeza deve ter retirado um momento do dia para escutar algumas de suas canções.

Quando digo influência na música, nem me refiro tanto ao gótico, ou ao post-punk. Nesses gêneros, várias outras bandas que vieram depois foram até mais marcantes, provavelmente. Mas poucas possuíam letras carregadas da beleza que as de Ian Curtis tinham. O seu tom de voz semi-barítono, as batidas marcantes de bateria sincronizadas com o baixo até hoje fazem que a sonoridade de Joy Division soe como permanente, ecoando pela mente de quem a escuta. A melancolia é tão forte que até quem não entende a letra se sente um pouco tocado.

Mais notável ainda é o fato de a banda se tornar um mito lançando apenas dois álbuns de estúdio, de maneira semi-amadora e sem nenhuma turnê mundial, uma vez que Curtis se suicidou dias antes de iniciarem uma tour pelos EUA, ao som de The Idiot, de Iggy Pop. Até nisso ele conseguiu ser emblemático - The Idiot é um álbum fantástico, e na minha opinião, o melhor de Iggy Pop (melhor até que o Raw Power de seu período Stooges).

O legado de Joy Division não foi algo que morreu junto com Ian. Os outros integrantes da banda se tornaram o New Order, uma das grandes referências da música eletrônica em geral. O post-punk continuou com The Cure, The Fall, Jesus And Mary Chain, dentre outros, que junto ao próprio Joy Division, faziam crescer a corrente musical criada há alguns anos atrás pelo Velvet Underground: o rock "não-mainstream", DIY, o verdadeiro rock alternativo. E para demonstrar que o estilo de Ian continua vivo é só escutar bandas atuais como Interpol, Crystal Stilts e The Killers, que são a prova viva da magnitude da influência de Joy Division na música alternativa.

Pobre Ian. Depressivo, epilético, e ainda foi se envolver com duas mulheres... fico imaginando como seria a cena pós punk caso ele não tenha morrido, o que se tornaria o Joy Division, como seria a banda após ganhar notoriedade mundial ainda em atividade... sinceramente, creio que se Ian não tivesse morrido, com o passar do tempo a sonoridade de Joy Division seria bem próxima dos primeiros discos do New Order (como Power, Corruption and Lies ou Low Life) visto que a tendência era o som se eletronizar cada vez mais - Closer demonstra bem isso. Mas é claro, a simples presença de Curtis tornaria tudo diferente, de modo que o "New Order" soasse bem mais soturno. Por outro lado, será que com Ian vivo Robert Smith  iria compor Primary ? Sua morte significou uma carga simbólica muito grande para o vocalista do The Cure, influenciando na produção do álbum Faith. Enfim, Curtis se tornou quase um 'mártir' para todo o cenário cold wave. Até góticos de carteirinha o idolatram....

[não vou escrever nada sobre Love Will Tear Us Apart, isso deve ter em qualquer outro blog/site/rede social]


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[Falando sobre algo nada a ver....]


Tudo bem que a juventude de hoje está estragada, mas cá entre nós, Detonautas, precisava também estragar Back In Black pra poder dizer isso????

domingo, 1 de maio de 2011

Pato Fu, e sua música nada-de-brinquedo

Começei a escutar Pato Fu de verdade mesmo foi em meados de 2002, quando eu copiei uma em uma fitinha o ao vivo mtv para escutar no meu walkman, e "peguei emprestado" uma fita VHS com o mesmo show. Lembro que na época a música Capetão 66.6 FM era o máximo pra mim (máximo da doideira, máximo da criatividade, máximo de tudo). A partir daí (e depois que ganhei um computador), fui me tornando cada vez mais fã da banda.Claro, por ser apaixonado com animes e mangás, a música Made in Japan era quase um hino. Até hoje consigo cantá-la no embromation.


Desde que mudei para belo horizonte (a terra deles) tinha vontade de ir em um show deles. Até que fiquei sabendo que tocariam no Palácio das Artes, hoje, às 18:00. Ainda não escutei nada do disco novo, só sabia que ele fora gravado com instrumentos infantis, em meio a outros brinquedos maneirinhos. Mesmo arriscando não achar ingresso, fui lá tentar a sorte. Ainda bem: consegui comprar o último ingresso!!!!

Quanto ao show, digamos que superou MUITO as minhas expectativas. Eu fui sabendo que seria algo bacana, mas eu temi que tivesse alguns momentos em que ficasse alguns "espaços" nas músicas, por causa dos instrumentos. Mas foi pelo contrário. Estava tudo muito bem preenchido. A cada música, cada brinquedinho novo utilizado, eu fui ficando mais fascinado pelo show e pela ideia super original de Fernanda Takai e companhia.


Teve um instrumento que o John tocou em uma música que diz ele ser uma espécie de um lápis, que quando você escreve na lousa própria faz um barulho meio sintetizado. O barulho era quase idêntico aos sintetizadores utilizado por Brian Eno em seu período Roxy Music. Queria muito ter um desse, até ele dizer que ficou mais ou menos uns 30 dólares. Melhor esperar um pouquinho.... O show estava repleto de crianças, por motivos óbvios. Além disso, os fantoches do Giramundo também participaram do show, dando o ar da graça. A última música, Bohemian Rhapsody, foi um espetáculo a parte, tanto pelas palhaçadas dos fantoches quanto da banda em si. Fui embora com uma satisfação muito grande, e uma  vontade de assistir mais um show do pato fu (com eles cantando mais músicas deles dessa vez)

Nota para o show: 9,5 / 10

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[enquanto isso, na vitrola...]

O novo disco do Crystal Stilts é fantástico! Admito, não empolguei tanto quanto com o primeiro trabalho deles, mas mesmo assim, eles continuam com aquela atmosfera sombria, se mantendo com o título (dado por mim) de "Dark Surf Musicians" ou "O Negativo de Jesus and Mary Chain". Nesse In Love With Oblivion, não sei porquê, mas senti um certo toque de Arcade Fire também. E sim, gostaria muito de vê-los ao vivo.