segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

UMF 2011

Sei que já está um pouquinho tarde para escrever sobre o UMF, principalmente porque a maioria das matérias saíram no dia mesmo. A diferença é que o pessoal ganha pra ficar escrevendo e trabalha com isso, e eu não! Assim, vou escrever hoje mesmo, que foi quando sobrou um tempinho para falar sobre.

De festivais de música eletrônica, o máximo que eu já tinha chegado perto é dessas festas que começam normal e terminam em rave (Isto é, na minha cidade natal são as típicas festas que dizem ser de rock, você chega lá encontra uma micareta danada e no final todo mundo louco pagando de trancer na pista). Ano passado eu quase animei ir na tal da Playground por causa dos brinquedos, e ainda bem que não fui porque descobri depois que tinha no máximo uns 4, e dos muito toscos. Assim, Lá fui eu, totalmente inexperiente no maior festival de música eletrônica do Brasil.

É claro que eu só estava indo para ver o New Order. Nem conhecia direito o resto das bandas ou DJ's, e pouco me importava quem estaria lá. Como fã de N.O. e Joy Division, seria muito difícil que qualquer nome no line up do festival não passasse por mim como irrelevante. Entretanto, já que eu estava lá, seria uma boa hora para entender como funcionam esses festivais, a lógica, orgnanização, público, etc. Vamos lá:

* Local:    Sambódromo do Anhembi. Localização ótima, perto da rodoviária, em um lugar asfaltado, impossibilitando lamaçal. No início tive algumas dúvidas sobre a acústica do local, sobre a alocação de pessoas na hora dos shows, etc. Mas correu até tudo bem. A organização foi impecável. Distribuíram porta bitucas, colocaram um grupo de pessoas à disposição para mostrar o processo de reciclagem dos lixos, além de coleta seletiva. Nem precisa dizer que pareceu muito mais sustentável que o SWU, né. Falando nisso, os preços não estavam tão abusivos (sempre são, né, mas pelo menos estavam a nível de festival mesmo). Disponibilizaram algumas cadeiras para o pessoal sentar, o que foi uma boa na hora de comer, porque ninguém aguenta ir em um festival e até na hora de comer ficar em pé.
Os palcos ficaram organizadinhos,  telões bacanas, etc. Não vi nada a respeito, mas desconfio que o pessoal do Planeta Terra Festival esteve envolvido na organização. Foi bem o estilinho.

* Público:   Altamente variado. Como sempre, tinham os metidos a moderninhos e pagantes de alternativos, que demoram 19 horas só para escolher a camisa que vão ao festival. O pessoal que queria ver o New Order geralmente era mais velho e mais sério. No mais, um público muito bonito e produzido, que foi para ver o show dos DJ's. Nas área vip, riquinhos paulistas e 'vips' esbanjando ... mediocridade. (É claro que não dá pra generalizar)

* Shows:

Copacabana Club: Acho que essa banda está cada vez melhor. Pena que foi a primeira banda a tocar, então não tinha um público muito grande. Gostei mais ainda desse show do que a primeira vez que os assisti, aqui em Belo Horizonte (até porque não teve problemas de som como houve na última vez).Acredito que daqui um tempo terão uma projeção ainda maior, principalmente por causa do pessoal da banda, que parecem ser muito simpáticos

Soulwax: Um eletrônico beem agressivão, curti. Lembro que antes do show começar, eu disse que "ia pular para não estressar ao esperar o New Order", mas acabei pulando de verdade. O pessoal sabe fazer som pesado com sintetizadores, pesado ao ponto de até incomodar, algumas vezes. O único problema é que as músicas soavam muito parecidas. Se for para fazer algo parecido, deveriam ser mais minimalistas, soaria melhor. Mas mesmo assim, gostei muito e quero até ouvir melhor posteriormente.

New Order: bom, para escrever sobre o new order, preciso separar meu eu crítico em 2.

1- Como fã de Joy Division: Fantástico, vi 2 dos membros da formação original da banda, tocaram Ceremony, uma das últimas músicas do Joy. Uma pena Peter Hook não estar mais na banda, e eu não ter visto Stephen Morris passear no meio do povo antes do show começar, acho que até infartaria.

2- Como fã de New Order:  Simplesmente um desrespeito com os fãs. Primeiramente, por saírem anunciando por aí que New Order seria uma das atrações principais. Não foi nem longe disso, a banda tocou como uma iniciante, 'abrindo' show para DJ's que na maioria nem tem música própria direito. Isso é quase inconcebível  dentro do mundo da música eletrônica. Depois, que os roadies e a organização demoraram um tempão para arrumar os equipamentos em cima do palco, e ainda por cima fizeram tudo errado. Quando  tocaram 'crystal', não deu para ouvir nem a voz de Sumner direito. Aos poucos, foram organizando o som, até porque a banda reclamava em cada intervalo... Gillian Gilbert, multiinstrumentista  que voltou pra banda, fez questão de manter seu jeitinho blasé e nem cumprimentar a plateia, que berrava seu nome. Quanta chatice. Até Jim Reid deu um tchauzinho, quando veio em 2008 no brasil com o JAMC...
Enfim, eu esperava pelo menos 15 músicas, e eles tocaram 9. Tudo bem, que tocaram os sucessos e tal, mas não vingou. No momento que saíram do palco, pensei na hora "aaah, vão voltar e tocar Love Will Tear Us Apart", mas nada. Foram embora e nem voltaram. Para quem viajou 500km pra ver só uma banda, foi um pouco decepcionante.

Death From Above 1979: Apesar de ser uma banda famosinha no meio alternativo, nunca tinha escutado antes. O máximo que eu conhecia era a citação da música do CSS (ótima música, por sinal). Mas, sinceramente, achei MUITO RUIM. Deu a impressão que são dois malucos que não sabem tocar nada e tentam ser os novos sonic youth fazendo barulhos sem sentido e sem um pingo de harmonia musical. Péssimo, péssimo. Nem mesmo a presença de Igor Cavalera no finalzinho me fez trocar de opinião. Não consegui nem assistir o show todo, de tanto que eu achei fraquinho. Aliás, estou cansado dessa mania que o pessoal está de fazer esse tipo de banda (faltando instrumento, tipo kills, white stripes, etc), somente alguns tem o dom e a verdade é que DFA1979 não tem. Coitados.

Dj's em geral: mesma coisa de sempre, mas pelo menos têm um gosto melhorado para samplear, o que faz um pouco de diferença na pista. Você realmente sente vontade de dançar, é uma espécie de lavagem cerebral. Quem toma doce para 'ficar doidão' nesses eventos particularmente vacila muito, porque a própria frequência da música já te deixa um pouquinho alterado (falo isso porque nem bebo e com 15 minutinhos já fico dançando que nem a maioria da galera que está Loaded).

Swedish House Mafia: Sobre esse trio de Dj's, tenho que escrever separadamente, porque realmente me chamaram a atenção. Sobre house music (O QUE CHAMAM HOJE DE HOUSE MUSIC NÉ, porque a impressão que se tem é que a clássica batida 4/4 da música eletrônica se corrompeu em um bate-estaca chato, na maioria das vezes), não entendo muita coisa, porém fiquei pasmo com o tanto que a galera pira nos caras. As músicas nem começavam, e o pessoal já estava berrando que nem malucos (a última vez que eu vi isso foi no show do radiohead). Tudo bem que metade das músicas eram versões remix de outros cantores, mas o ritmo era até bom. Na verdade, me senti agraciado por ver DJ's tão bons no primeiro festival de música eletrônica que eu fui. Aposto que 80% dessa galerinha aí que se acha a 'turma da rave', não conhecem Dj's realmente bons.

* Atmosphere:  A melhor possível. Galera alegre, feliz, pulando de um lado pro outro (com exceção dos moderninhos né) e a grande diferença do festival: mesmo sendo de música eletrônica, luzes, e tudo o mais, não tinha a tal da 'pegação'. Acho que se a maioria dos festivais de música eletrônica e afins fossem nesses moldes, provavelmente eu seria uma pessoa mais sociável, hahaaha. Admito que me deu até vontade de ir no UMF 2012, caso tenha. Mas dessa vez, que pelo menos sejam sinceros e não anunciem bandas que tocarão normalmente como headliners, ou então que não podem totalmente o show destas.

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Próximo post ou eu devo escrever sobre sertanejo universitário, ou sobre a Sarah Records (minha paixão instantânea) ou sobre os dois, sei lá.