sábado, 16 de outubro de 2010

O problema do álbum mítico

De tempos em tempos, surgem os famosos "álbuns míticos". são aqueles álbuns super inspirados, em que todas as músicas são boas/dignas de virarem hits, e 90% das músicas deste vão para o "Best Of". Os próprios músicos ficam maravilhados, porque eles realmente "tiveram a manha". Esse disco pode se tornar um sucesso de vendas, um marco na história da música, um indicador de tendência ou o princípio do fim da banda. Falarei sobre esse último caso.

Se tal álbum mítico foi o primeiro do conjunto [o que não é incomum, uma vez que a banda não tem um público a espera do trabalho, então pode gravar com mais tranquilidade, sem esperar algum retorno ou ter que agradar alguém - exceto se estiver pressionada pela gravadora], o problema é maior, já que quase tudo que for lançado depois será quebra de expectativa, ou se for um pouquinho só menos brilhante, receberá críticas ferrenhas.

Um  grande exemplo disso são os Stone Roses, que embora tenham feito um excelente trabalho em seu segundo cd, Second Coming, não conseguiram emplacar nenhum hit, além de decepcionar a maioria dos fãs e críticos. Embora o álbum seja muito bom (e até melhor trabalhado que o primeiro), ele não conseguiu ser tão inovador, ou até mesmo manter o feeling que o álbum homônimo trazia [além da pressão existente entre grupo/gravação/produção]. Assim, ele acabou sendo esquecido, assim como foi um dos motivos que gerou o fim do grupo.

 Alguns outros casos podem ser lembrados, como o Loveless, do my bloody valentine, ou o Disintegration do Cure, qual muitos alegam ter sido o "fim" da  banda, já que nenhum álbum póstumo conseguiu se equiparar a ele (lembrando que Wish é muito bom). Alguns outros casos poderiam ser citados [se você estiver pensando que isso ocorreu apenas na virada 80/90] , mas é desnecessário.

Então, o que fazer? Sinceramente, acho que o primeiro fator para contornar situações do tipo é ter a humildade de admitir que o trabalho foi realmente o melhor. É melhor fazer isso do que tentar fazer a crítica e os fãs engolirem as novas músicas de trabalho através das rádios e programas de tv, assim como a exposição exaustiva em qualquer outra mídia. isso enche o saco e muitas das vezes não funciona. Isso quando a banda cisma de não tocar as músicas do outro disco, mesmo que todo mundo fora no show para escutar as antigas. É preciso jogo de cintura.

Claaaro, mas nem por isso precisa também ficar trabalhando somente em cima dos sucessos, como fez o Linkin Park, que após lançar dois álbuns totalmente inovadores ficou fazendo mixagens e mixagens em cima das músicas até todo mundo não aguentar mais escutar.

Ao lançar os outros álbuns, que logicamente serão inferiores ao mítico, há de se ter calma, com o tempo eles podem ser degustados, e até músicas que passaram despercebidas podem virar sucessos depois de alguns anos. o mercado musical costuma ser imprevisível. E é extremamente irônico quando acontece isso, porque a crítica musical costuma ficar sem palavras, e mostra o tanto que é maleável (o Velvet Underground and Nico é um ótimo caso - ninguém consegue explicar como um álbum que teve vendas baixíssimas e criticado por todo o cenário musical da época hoje é considerado um dos maiores álbuns da história do rock)

Bom, comecei a escrever sobre isso e me deu vontade de ouvir alguns álbuns míticos. até logo!
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[dias atrás eu andei ouvindo....]

O disco solo do Julian Casablancas. Não gostei muito, com exceção de 11th Dimension. quando eu tiver paciência eu vou tentar digerir o álbum melhor. Mas a primeira vista, achei muito forçadinho.