quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Releituras

Já deve ter um tempo considerável que eu não posto nada aqui (o que não significa que estou ouvindo pouca música, porque deve ser uma das poucas coisas que ainda me sobram tempo para fazer, já que dá para ouvir executando outra tarefa), mas aproveitar esse tempinho aqui para falar um pouco sobre releituras de músicas.

Sempre gostei muito de releituras e versões novas de músicas que já conheço, principalmente porque costumo enjoar das versões originais. The Cure mesmo é um ótimo exemplo disso, ouvi tanto na minha adolescência que atualmente só consigo escutar as versões demos, algum bootleg de boa qualidade ou alguma releitura de suas músicas. A releitura é interessante pois a partir dela percebemos como outro artista enxerga a música, o que gostaria de mudar, apresentar um novo foco sobre a música, dentre outros fatores.

Acidentalmente, encontrei uma releitura completa de um de meus álbuns favoritos de Brian Eno: Taking Tiger Mountain (by Strategy), regravado por Hilsinger & Beatty. Como a primeira música que eu ouvi foi The True Wheel - minha favorita do disco, a princípio não gostei muito, pois soou um pouco bizarro e o riff hipnotizante do final da música parecia um pouco morto. Entretanto, depois descobri que se tratava de uma releitura de todo o álbum, e assim as coisas começaram a fazer mais sentido, já que a releitura seguia uma certa "lógica".

Apresentar uma proposta nova dentro dos trabalhos iniciais de Eno é uma tarefa um pouco difícil, já que os álbuns em si são uma nova proposta para a música.Entretanto, Hilsinger e Beatty conseguem fazer novas canções realmente cativantes, de modo que uma voz feminina pudesse se encaixar no meio dos sons produzidos por sintetizadores. O trabalho foi elogiado pelo próprio Brian Eno.


E hoje mesmo acabei lembrando que Beck em 2009 estava fazendo o mesmo com o Velvet Underground And Nico, uma tarefa bem mais audaciosa. Consegui entender a proposta de Beck, de fazer algo experimental, mas acho que ele poderia produzir um trabalho ainda mais consistente. Senti falta de algumas "camadas" em determinadas músicas; deu a entender que ele ficou com preguiça de fazer os instrumentos necessários e chutou o balde. Mesmo assim, merece um certo destaque. Se fosse fácil fazer igual ao lendário disco da banana, haveriam várias bandas iguais.

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[momento esquecimento]

Esqueci de comentar que fui ao show de Bob Dylan. Já não esperava que seria um show bom, afinal, ele está velho, sem voz, e é do tipo de músico marrento que não canta as músicas antigas em um show. Bom, foi pior do que eu pensava. A melhor parte do show simplesmente é ver o Bob Dylan, para depois contar aos amigos, filhos, netos, etc que foi ao show de uma lenda do rock. Sua voz está beeeeeem ruim, e não tem nada de cativante em seu concerto. O único momento empolgante foi quando ele tocou Like a Rolling Stone, mas não porque ele cantou - ele não cantou - e sim porque a plateia foi a loucura, berrando o refrão como se fosse a última frase a ser dita na vida. Gosto muito de Dylan, sou um dos que defendem sua imprescindibilidade na história do rock, mas não vou ser hipócrita de dizer que foi um show maravilhoso e mágico.